tag:blogger.com,1999:blog-47188432488263227482024-03-08T00:52:36.281-08:00Indigente QuimeraJoão Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.comBlogger15125tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-38414601475228573282017-06-01T18:06:00.000-07:002017-06-27T18:19:38.134-07:00Sua brisa é presente no meu rosto nos menores elevadores <div>o cheiro é de bolo quente e lembra casa e belos dias.</div><div>
<div>Ao som do bar se unem nossos suspiros silêncios,</div>
<div>
não à toa coincidentes.</div>
<div>Os brindes engraçados, com garrafas e copos,</div><div>destejam a minha glória que,</div><div>mesmo se for fracasso,</div><div>será o traço do tempo sem fim que dura esse beijo. Tempo passado, reinado em mim.</div><div>Celebrado</div><div><br></div><div><br></div><div><br></div>
<div>
<br></div>
<div>
<br></div>
<div>
<br></div>
<div>
<br></div>
<div>
<br></div>
<div>
<div>
<br></div>
<div>
<br></div>
</div>
</div>
João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-78016921219734780412013-09-02T20:51:00.000-07:002015-01-22T10:14:31.038-08:00olá,tudo bem<br />
tudo<br />
beleza!<br />
riso<br />
que te traz aqui<br />
a nada de mais e você<br />
tédio, sei bem<br />
quanto tempo<br />
é, verdade<br />
e o resto<br />
que nada<br />
mas tá tudo bom<br />
bom saber<br />
com certeza<br />
e novidade <br />
a gente marca<br />
uma saudade <br />
sim,<br />
de repente: beijos<br />
<br />
<br />
<br />João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-61270918811751670032012-12-03T20:01:00.000-08:002015-01-22T10:30:09.404-08:00voz<br />
<div class="p1">
ouço atento os lábios</div>
<div class="p1">
moldes simples</div>
<div class="p1">
Seus lábios junto a um par de olhos</div>
<div class="p1">
sorriem</div>
<div class="p1">
para o ar que é ainda estático</div>
<div class="p1">
leio fotos</div>
<div class="p1">
e entendo o óbvio</div>
<div class="p1">
dizem</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
sua harmonia tempera</div>
<div class="p1">
tingindo o ar estreito</div>
<div class="p1">
feito</div>
<div class="p1">
efeito grave de um cutelo àfiar</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
abissal</div>
<div class="p1">
seu som é consonante par</div>
<div class="p1">
reproduz seu dever valvulado</div>
<div class="p1">
de ser fado</div>
<div class="p1">
sublime forma sólida</div>
<div class="p1">
vibra aqui serena</div>
<div class="p1">
tímida ao lado<br />
<br />
(05/2012)<br />
<br />
<br />
<br /></div>
João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-59496321941762550422012-11-29T19:15:00.001-08:002015-05-18T09:28:52.422-07:00Poema felizAté o maluco tem os seus padrões,<br />
<div>
nas viradas: exceções</div>
<div>
dentro de seus aceitos.</div>
<div>
O que eu faço não é nada disso</div>
<div>
sou estranho homem feito</div>
<div>
e tudo admito mesmo<br />
<br />
<br /></div>
João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-1305068732082088202012-11-15T23:40:00.003-08:002015-05-18T09:27:46.894-07:003 poesias<div>
você é o sangue que pulsa</div>
<div>
bem bonita</div>
<div>
sendo ainda</div>
<div>
dona desse manejo</div>
<div>
que levemente aflito me deixa</div>
<div>
pelo fino que tirou<br />
do lugar que entrou</div>
<div>
pela porta entreaberta</div>
<div>
na abertura era certa</div>
<div>
e seu corpo de força e finesa</div>
<div>
saiu implorando um desejo</div>
<div>
pedindo alerta fera<br />
ou um soldado em perigo</div>
<div>
por algum tipo de esperteza</div>
<div>
esperta (quem me dera)</div>
<div>
indigente quimera aos poucos sai.</div>
<div>
pra trás.<br />
corre e tropeça<br />
mas não sabe</div>
<div>
nem metade</div>
<div>
das pegadas que o curupira entra,</div>
<div>
que rebobina ódio e acerta</div>
<div>
essa raiva que amanhã não tem mais</div>
<div>
<br /></div>
<div>
--------------<br />
<br /></div>
<div>
<div>
pra que serve a palavra</div>
<div>
as minhas não sabem</div>
<div>
<br /></div>
<div>
quero falar de você aqui</div>
<div>
nesse espaço branco e cinza</div>
<div>
em que você falta</div>
<div>
<br /></div>
<div>
tanto aqui quanto a mim</div>
<div>
<br /></div>
<div>
mas a palavra não sai</div>
<div>
quer dizer, não sabe</div>
<div>
<br /></div>
<div>
sair elas até saem</div>
<div>
<br /></div>
<div>
eu te amo</div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div>
-------------------------</div>
<div>
<br /></div>
<div>
o cigarro não é mais</div>
<div>
que a comida não é, mas</div>
<div>
o vinho seria mas não é suficiente</div>
<div>
não é mais</div>
<div>
não assim, mulher!</div>
<div>
cada um com sua parte</div>
<div>
e chego a dizer que <br />
qualquer metade talvez servisse</div>
<div>
sabe lá o que vai ser?</div>
<div>
vai ver que mais dia<br />
saio de bem com você</div>
<div>
para um passeio com todas as suas </div>
<div>
que são suas mas</div>
<div>
seriam mais lindas se<br />
num alívio abraço</div>
<div>
e tudo mais:</div>
<div>
bebidas, comidas,</div>
<div>
menos labios vazios</div>
<div>
de cigarros,vinhos</div>
<div>
vazios dos seus ares, beijos e outros cálices</div>
<div>
da sua vontade de menos receio</div>
<div>
que ainda vejo mínima</div>
<div>
e desejo</div>
<div>
ainda</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br />
<div>
<br /></div>
</div>
João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-66856409843647579442012-09-17T22:59:00.000-07:002014-08-06T13:04:54.918-07:00reflexonão vi o meu reflexo na vidraça da loja<br />
<div>
não exatamente</div>
<div>
vi nas minhas sua iris, vaga</div>
<div>
no meu corpo, o seu presente, vago</div>
<div>
nova espécie</div>
<div>
ente duplo doente</div>
<div>
nativivo moribundo</div>
<div>
que pelo curto tempo de vida</div>
<div>
e condição de mutação indevida</div>
<div>
parece ter o bônus</div>
<div>
de entender por inteiro a breve existência de si</div>
<div>
pois nasce sabendo que o fim<br />
é primeiro</div>
<div>
<br /></div>
<div>
da nossa imagem já vi o bastante</div>
<div>
volto bem pro que faço</div>
<div>
passo ando</div>
<div>
e assim no papel de alma deixo o seu corpo<br />
deixo etéreo nossa imagem virtual</div>
<div>
e a nossa criação desfalece</div>
<div>
amorfa, inerte,<br />
você</div>
<div>
e o que assusta é a sua negligência,</div>
<div>
o jeito como já se vira e fala com alguém</div>
<div>
nem se lembra de alguma coisa:</div>
<div>
o que você viu não era seu</div>
<div>
o pesar não é seu</div>
<div>
tampouco o quase<br />
sorrio</div>
<div>
não viu que de dentro</div>
<div>
onde se acha ver o que acontece<br />
não reflete,<br />
nunca refletiu</div>
<div>
<br /></div>
João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-7570766042852598062012-08-29T22:54:00.001-07:002012-09-01T00:03:57.625-07:00O espaço é vício na teia, capcioso e pronto para dar um golpe ele esconde o mistério da sua existência. A clareza do seu determinismo é a mesma que secretamente se converte em dúvida nas suas concessões, ele nos ama mas desdenha.<br />
Lhes digo que é um inseguro recalcado que tenta não expor suas fragilidades.<br />
Lhes digo que o espaço ri escondido, existindo e desaparecendo de propósito sem avisar. No entanto ele padece no seu caráter, tem um gosto mórbido pelo desconhecimento alheio do que ele julga inferioridade, ele zomba fingindo falar sério e não compartilha o escárnio com comparsas, a piada só existe pra ele.<br />
<br />
A única forma de não implodir é recriar o espaço na estufa e equilibrar a equação. Cabeça que nasce hipobárica e que nas persistentes tentativas de se preencher acaba arrebentando válvulas ou até - há casos - explodindo.<br />
A receita não é difícil de se vislumbrar nem de tão difícil execução.<br />
Preparemos no nosso mecanismo lógico um pequeno ladrão, um furo um pouco abaixo do limite de capacidade que faça com que o mundo se ache elogiado em sua fútil complexidade.<br />
Este, como um bom recalcado, terá suas desconfianças e paranóias, e na verdade nunca descobrirá se é assim tão belo ou se rimos de seu alface no dente.<br />
A verdade é que não sorrimos por nenhum dos dois,<br />
e isso torna tudo mais divertido<br />
<br />
<br />João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-73055609784671984422012-07-12T15:58:00.001-07:002012-11-16T06:21:59.536-08:00TorquatoEsse rapaz se chamou Torquato, seus amigos o conheciam como Pereirão, o que na verdade não chega perto de vir ao caso, pelo menos pra o que vamos falar sobre ele aqui.<br />
Sua rotina nos últimos anos tem sido composta de pouco sono, trabalho e parcelamento de cartão de crédito, uma rotina massante, repetitiva, exceto pelas catástrofes pessoais que as vezes se convidam pra entrar num nível mais extraordinário, isso sim tira Torquato da rotina.<br />
O escritório de contabilidade vai bem, sendo proprietário de tal negócio pode-se ter uma boa liberdade financeira, o que proporciona um status diferenciado na sociedade, pena que Torquato não o é, sua função é fazer lançamentos num livro que nem ele mesmo sabe como funciona, são capas pretas em brochura numa estante de metal cinza que vai até o chão. Para se ter uma ideia, se uma criança de cinco anos entrasse na sua sala e a fosse pedido que chutasse um número para a quantidade de livros na estante de Torquato, ela provavelmente diria novecentos e noventa e nove, ou um trilhão, ou "cem!", que para ela significariam a mesma coisa na verdade.<br />
Não, Torquato não é casado, mas ainda assim possuía um anel no anelar. Quando ele tinha seus vinte e poucos anos leu Código daVinci e decidiu que queria ser maçom, no entanto não conheceu nenhum membro para que pudesse indica-lo a ingressar na ordem, por esse motivo não titubeou ao comprar um anel muito parecido com o dos maçons quando lhe foi oferecido por uma sexagenária obesa no salão de cabeleireiros onde corta o cabelo, num daqueles estojos de enrolar, feito de tecido preto peludo que dão a impressão de guardar preciosidades de valor incalculável, mas que todos sabemos preferirem se reservar à modéstia de portar humildes bijuterias.<br />
Torquato não tem vida afetiva, no ano passado teve um breve caso com uma boliviana que trabalhava no armarinho e que sumiu de um dia pro outro, sem nenhum aviso, ele não acha que ela tenha sido assassinada, sequestrada ou que tenha saído pra comprar pão e caiu numa ribanceira morrendo despercebidamente, mas diz achar.<br />
Se fossemos criar uma equação com os fatores, parcelas, dividendos, bases e potências que representam as variáveis da insegurança de Torquato, teríamos algumas páginas com complexos símbolos matemáticos, mais algumas com legendas e referências a esses símbolos e mais algumas com asteriscos referindo outras referencias nas referências, isso além de mais algumas linhas de post-scriptum para detalhes que não se conhece a origem ou que foram simplesmente dados como fato. Esse não é o nosso objetivo aqui, já temos uma idéia do quão inseguro Torquato é e do quão patético isso o torna para os outros. Tatuagem de ideograma, comprar as roupas iguais as do Jean Reno em O Profissional, anel falso de maçom, lente de contato azul, uma tragédia animada por um raio divino de vida, e de pena.<br />
Contudo algo salva Torquato do limbo da escória, que é uma tímida e deficiente perspicácia que dá as caras de vez em quando com suas muletas, coisa que dessa vez permitiu uma auto-análise muito breve da sua pessoa, uma consciência que surgiu dessa vez com motivação suficiente para tentar dar cabo dos seus complexos de inferioridade.<br />
Seu colega de trabalho e único conselheiro, Júlio César, que é a completa antítese da imagem do seu nome de pompa, lhe disse com ar de mestre que para ser mais bem sucedido deve-se acreditar em si mesmo, ter confiança na própria capacidade, "nós podemos ser tudo que quisermos". Nosso mancebo, mesmo já tendo ouvido aquela máxima motivacional mil, um trilhão de vezes, seja em filme infantil ou em livro de auto-ajuda, desta vez se sentiu tocado pelas palavras do amigo de um jeito que nunca tinha sentido antes, Torquato percebera que chegara no limite de sua infelicidade, agora teria de mudar as coisas, tomar uma providência definitiva.<br />
Segurança plena, total, ser tudo que se almeja, esse era agora o mais novo objetivo dele.<br />
Depois do horário de almoço, ao voltar para o prédio da empresa, Torquato apertou o último botão do elevador, foi até a sala do sub-gerente de setor e, ao bater e ser instantaneamente autorizado a entrar, ele se surpreende com o tamanho da sala do seu chefe, percebe o monitor do seu computador, um sansung syncmaster 753dfx com tela semi-plana, um ventilador novíssimo e um banquinho para apoiar os pés. Com o deslumbre o pequeno verme realiza de uma vez por todas onde quer chegar. Agora Torquato já sabe o que quer ser, tem uma certeza no seu horizonte e pretende alcança-la a qualquer custo.<br />
<br />
- Torquato, né?<br />
- Sim.<br />
- Eu posso te ajudar em alguma coisa?<br />
- Sr. Alves, quero me candidatar a supervisor, ainda há tempo?<br />
- Tem certeza? Você tem algum curso ou especialização.<br />
- Não, mas eu sou capaz.<br />
Aparece um sorriso que fugiu disfarçado na cara do sub-gerente, que saiu não tanto por duvidar da capacidade do sujeito, mais pela frase que rasga um cashmere de pieguice.<br />
- Tudo bem, como quiser, quer fazer a entrevista amanhã junto com os outros candidatos a vaga?<br />
- Pode ser.<br />
- Ok, até amanhã, chegue aqui as três.<br />
- Até.<br />
<br />
O riso do seu chefe não passou despercebido, Torquato não conseguiu não se deixar abalar por achar ter sido subestimado, e agora faria questão de usar de todas as suas forças para se provar capaz.<br />
Nesse dia, ao chegar em casa, sentou-se e leu o regulamento de supervisão do escritório sobre o qual provavelmente seria questionado na entrevista no dia seguinte e, depois de meia hora lendo, se levantou e se pôs aos gritos, mantras motivacionais na frente de um pequeno espelho em sua sala.<br />
<br />
"Você pode, você consegue, segurança, confiança é tudo que você precisa. Força Torquato!"<br />
<br />
A cena era digna de um manicômio, mas quem olhasse lembraria mais de uma peça sub-lotada de teatro contemporâneo, a impressão que dava era a de que se alguém entrasse repentinamente se liquefaria em segundos como uma lesma salgada, de incômodo e vergonha daquela situação.<br />
A cena consistia de um corpo ovoide todo contraído portador de um obsceno cavanhaque, sem camisa, socando seu próprio peito incessantemente e que por vezes parava e pulava em semi-polichinelos dizendo "relaxa...", e quando voltava a sua pobre rigidez gritava palavras como "Raça! Confiança!".<br />
As três da manhã foi dormir um sono cansado do esforço físico que o flagelo de se socar durante 5 horas lhe provocara.<br />
Já no dia seguinte, com a sua melhor roupa, Torquato entrou no ônibus em direção ao seu trabalho, no qual durante toda a primeira parte do dia Julio Cesar o aconselhou "Força, confiança, Pereira!".<br />
Torquato estava pronto.<br />
As quinze horas pegou o elevador para o andar da sala do sub-gerente, na sala de espera olhou com soberba para os outros candidatos, eram três, que ansiosos folheavam revistas sobre famosos em ilhas paradisíacas.<br />
<br />
- Boa tarde senhores, entrem.<br />
<br />
Alves, num semblante de impaciência pediu aos candidatos que se sentassem em cadeiras escoradas na parede. Num repente outros 6 sub-gerentes entraram na sala sem bater e também se acomodaram em cadeiras, porém na parede oposta, de frente para os quatro candidatos.<br />
<br />
- Senhores - disse o sub-gerente Alves - gostaríamos que cada um de vocês fizesse uma breve apresentação sobre o regulamento de supervisão, citando as regras e suas funções. Para tal obedeceremos a ordem alfabética assim começaremos com o Carlos, depois Henrique, Jorge e por último Torquato. Por favor, Carlos, fique a vontade.<br />
<br />
As apresentações intimidaram o reumático intelecto de Torquato, pessoas traquejadas, falantes, gesticulando um balé de mãos no meio de finos discursos. Jorge então, seu último antecedente, era quase um mestre de cerimônias, uma voz grave e potente complementava uma aparência de bom genro, era simpático e inteligente.<br />
Torquato, em meio a todos aqueles escombros de desânimo, conseguiu achar forças para emergir e levantar da sua cadeira, ao vagarosamente se dirigir ao centro da sala onde faria sua derradeira apresentação o rapaz começava a se transformar, esboçava um semblante de mal, impiedoso, mas que emoldurado por aquele gel nos cabelos microcacheados não fariam medo a um labrador.<br />
<br />
No centro daquela sala alguma coisa acontecia, um homem se concentrava para fazer algo, musculos se contraiam como no dia anterior na frente do espelho e com isso uma incrível aura de cor azul circundou Torquato. Todos na sala se assustaram com aquilo que só poderia vir de fonte sobrenatural, aquela energia azul em volta do franzino candidato se tornava a cada segundo mais densa. Os demais concorrentes se puseram a gritar desesperados, os gerentes tentavam sair amontoados na porta. O ar se movia, ventava dentro da sala, os cabelos e gravatas eram jogados pra trás, papéis voavam para o chão, quando de repente, num grito estridente de auto-confiança, Torquato se transformou numa enorme pedra, numa rocha de granito polido, cúbica, gigantesca. Os ventos cessaram e os papéis e gravatas repousaram, assim, ao se acalmarem, depois de alguns momentos de silêncio todos na sala aplaudiram, se emocionaram, choraram, admirados com a incrível capacidade do rapaz, que antes lançava dados em livros de registro contábil e que agora desabrochara em um imponente bloco de granito. Em minutos todos os funcionários do prédio se colocaram em fila na porta para ver Torquato, de presidentes a faxineiros, em questão de horas o boato havia se transformado numa multidão de repórteres e câmeras saindo de vans adesivadas. Até sua ex-amante boliviana voltou e chorou aos pés da pedra jurando amor eterno, cartazes foram colados em suas faces lisas e até judeus encostavam suas cabeças e rezavam.<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-70679940186770964102012-06-28T13:09:00.000-07:002014-08-06T13:06:22.170-07:00-<br />
<div class="p1">
não ouse me tocar como tem feito</div>
<div class="p1">
com esse velho veneno homeopático</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
hoje quero ser amaciado sem motivo</div>
<div class="p1">
me ama, casa, mora</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
quero o som da sua cólera</div>
<div class="p1">
ou bons socos carvoados</div>
<div class="p1">
resistentes, sujos, quentes</div>
<div class="p1">
que doam negros em hematomas arco-iris</div>
<div class="p1">
edemas, sangue corrente na foz de uma calçada</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
ou me dê um vão</div>
<div class="p1">
espaço para sentar sozinho</div>
<div class="p1">
emparedado no ar concreto</div>
<div class="p1">
não olhe pra mim.</div>
<div class="p1">
não venha</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
ou se vier desatine</div>
<div class="p1">
não pague a conta</div>
<div class="p1">
se debata, babe branco e sorria.</div>
<div class="p1">
morra</div>
<div class="p1">
e com um beijo infeccionado</div>
<div class="p1">
complete minha translúcida presença</div>
<div class="p1">
me marque</div>
<div class="p1">
me dê flor, faca</div>
<div class="p1">
me dê</div>
<div class="p1">
<br /></div>
<div class="p1">
<br /></div>
<div class="p1">
<br /></div>
<div class="p1">
<br /></div>
João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-9338861300105306422012-06-13T21:59:00.000-07:002015-08-12T10:53:55.372-07:00conforto (viagenzinha de Bukowski 06/12)parece que tem um azol na minha boca me puxando pro lado<br />
aí eu tento ir no banheiro e não consigo<br />
quando eu ando pra frente eu subo, ele puxa e eu dou uma cambalhota pra trás<br />
minha orelha está presa num chaveiro perdido<br />
<br />
aquele chaveiro que eu perdi quando tinha poucos anos, época que comecei a ir pra escola sozinho<br />
não terá mais serventia nenhuma por aí, uma boa seria se cavocássemos o quintal, metêssemos ele num buraco e enterrássemos ele com um pai nosso.<br />
isso porque até chaves que tiram cera de ouvido de taxista ainda ligam o carro e abrem a mala, riscam carro de vizinho.<br />
já perdi um monte por aí<br />
onde eu perdi?<br />
não sei e não quero achar.<br />
se estivesse confortável eu ficava é aqui mesmo deitado na escada<br />
me mijava, to nem aí!<br />
não tenho brio nem pra tirar esse anzol<br />
vou descer e achar outro banheiro<br />
<br />
<br />
<br />João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-20247595900270557522012-06-05T21:44:00.000-07:002015-08-12T10:38:57.368-07:00Faleu<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
“...Geladeira Electrolux 80 litros...”</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br />
Geladeira foi a palavra. O gatilho que me disparou a levantar do sofá colocar
uma roupa e descer pelas escadas os três andares. </div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
A diferença de pressão
atmosférica é perceptível. Podem todos falar que não mas eu sinto no ouvido. Penso nisso pra esquecer da vontade de beber, que espera.<br />
Prefiro as escadas, pessoas que moram no trigésimo segundo andar chamando todos
os (dois) elevadores me deixam irritado. Elas não pensam nos outros? Chame o que se encontra mais perto do seu andar! A espera me deprime. <o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<i>Lembro bem de estar passando lá e o velho gritava com um livro na
mão, que não era a Bíblia, me pareceu um catálogo de cosméticos, ele dizia “Se
eu pudesse escolher andava de motorista particular! Mas o povo tem que andar de
ônibus!”. Foda-se.<o:p></o:p></i></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<i>Algo saiu da boca daquela estátua de fezes
secas e me intrigou: “Meu vale transporte, é o tempo!” após a frase gritada ele
ria alto com a face rosada, contudo nada que impressionasse.</i><br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Não tem muito a dizer sobre a trajetória que eu fiz, poderia ter feito
outra combinação de traços no cruzamento, escolhi um, não importa qual.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Sou avisado de que tem biscoito de polvilho fresco, que é a
sensação precisa de comer ar embalado.<span class="apple-converted-space"> </span><br />
Só que fresco. <o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Não, obrigado. Quero cerveja da mais Gelada, aceita visa?<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Aceita.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Faleu.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Isso sempre acontece quando a naturalidade compromete: duas
palavras que são usadas para o mesmo fim são fundidas num vocábulo híbrido,
valeu e falou, corruptela neural da minha insegurança, só conseguiria evitar me substituindo por outra pessoa. Antes do caixa peguei
um biscoito recheado sem preço, provavelmente caro, ao chegar reforcei:<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Vê pra mim antes o preço, não sei se eu vou levar.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Ainda bem que você falou, acabei de levar uma advertência por
registrar sem querer quando era só consulta. – ela registrou sem querer – Meu
deus, passei moço, não tem como o senhor levar não?<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Minha reação é surpreendentemente artificial, me substituí por
outra pessoa.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Claro! – voz grave – quanto é?<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Dois e cinquenta<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Beleza.<br />
Digito a senha<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Torço pro cartão passar<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
– Volte sempre!<br />
– Tchau, volte sempre.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
De novo o anjo mau da naturalidade faltou, eu estava sentado num intervalo do enfado da função de ter de me
suportar, agora fui bengalado pra dentro de novo sem perceber. “Tchau, volte sempre”?<br />
– Tchau – mais um tchau, sem olhar, o que seria demais.<br />
Voltei pelo mesmo cruzamento mas só atravessei depois de esperar um sinal de 3
minutos fechar, acendi um cigarro que queimou quase até o final. Eu tinha a esperança de conseguir fuma-lo inteiro.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<i>cigarro é o único modo de fazer a vida passar mais rápido, esse negócio de encurtar a vida é mentira, ele é a única fonte do óleo preto que entra na veia
e vai até o cérebro, o óleo que faz pensar.<br />A decepção da esperança é melhor que a frustração da espera.<o:p></o:p></i></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Acabei abrindo o biscoito.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Ao cruzar a rodoviária no caminho de volta pra casa um homem descabelado com
uma pochete atravessada no tórax, se posturava como um soldado portando uma munição pesada, um cinto daquelas balas gordas que explodem, esperava escondido dos inimigos que o proibiriam de estar ali, sua calça cargo ainda imaginava ser um porta
cantil, esperava a sonhar com um coldre e um revolver pesado. <br />
Quando me viu perguntou baixo:<br />
- Lá? Acolá?<br />
- Não, não vou viajar, to indo pra casa – imprudentemente continuei falando com
o mercenário – Como é que vocês fazem? É van? É mais barato?<br />
- Mais barato, mas não é van, tu me dá metade do dinheiro que eu passo pra tu
no guichê com o cartão de vale-transporte, tem até comprado aqui já pra lá e
acolá, quando quiser me procura.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
- Por quê que você faz isso?<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Recebi um olhar de desconfiança.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Sorri.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
- É porque eu recebo o cartão de vale transporte do serviço, mas
vou pro trabalho a pé, aí não posso morrer nessa grana.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
- Quer um biscoito?<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
- Quero um cigarro! – sorriu, claro, ele esperava demais.<br />
Eu respondi com uma gargalhada natural.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br />
Cheguei em casa, vi a propaganda da geladeira de novo e quando o jornal voltou
do intervalo eu reconheci o cenário.<br />
<br />
<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<i>“Motoboy morre em acidente após avançar o sinal do
cruzamento em frente ao supermercado, o choque com o carro lançou o jovem de
19 anos no interior de uma banca de jornais”<br />
<br />Depositar esperança num sinal vermelho e morrer é lindo, além de ser estúpido demais pra ser escroto é simbólico saber que o vermelho é exatamente o que nesse caso vem negar o verde<br /><br />
</i>A ironia da imagem do meu mártir
coberto com um plástico preto do lado do banner de cigarros da banca destruído e da infinidade
de maços espalhados no chão foi comovente.</div>
João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-67801684585493122912012-05-03T14:40:00.000-07:002012-05-03T23:56:27.760-07:00Conto: Joelho<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
"Acordei sedento, sede
natural ao contrário. O parasitismo exercido pelo mundo exige sua
água.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O Firefox só é usado
nessa quitinete para a navegação privativa, sem registrar no
histórico.</div>
<div style="text-align: justify;">
O maço vazio de free serviu de reservatório
improvisado e a sede foi saciada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Primeiro dia da nova empregada,
dez da manhã a campainha toca, ela me olha com ar de surpresa e fala
gírias. Suas pernas são surpreendentemente finas e revestidas
naturalmente por pêlos que provavelmente ela penteia e passa
condicionador, sua calça é do tipo de ginástica e parece ter sido
cortada nas canelas. Ela me olha com simpatia exagerada do alto do
seu leve estrabismo e entorta seu cabelo, de fiapos com tanta memória
quanto argila, para trás da orelha, logo associo sua sedução ao
novo corte que o barbeiro me fez, a careca foi suavizada por um
penteado menos grosseiro, um degrade de decrescimento até o topo
chapada estéril do meu cocuruto. Óbvio que é por isso que ela me
olha desse jeito, mulheres se atraem por homens vividos e com charme
diferenciado.</div>
<span style="text-align: justify;">A faxina é diária e
custa 40 reais, caro demais pra um apartamento de um cômodo aqui no fim e eu já deveria ter suspeitado que mesmo sendo
atraente aos seus olhos seria difícil negociar. </span><br />
<span style="text-align: justify;">Minha padaria
predileta fica a 10 minutos da portaria e depois de caminhar até lá
monto algumas desconfianças com as informações aleatórias do
lugar: Deixei a gaveta destrancada, tem 350 reais e os anéis de
mamãe. Joguei fora o maço de free sujo? Que valor aquilo teria para
uma aproveitadora mal caráter com pernas tão imbecis? Essa mulher
tem o poder de acabar com a minha vida se utilizando daquele maço de
cigarros. Ainda que desesperado, me alimento calmamente do pão com
presunto na chapa, com atenção, sem esquecer de deixar o meio do
pão pro final, a parte mais gostosa. esqueci de lavar a mão. O que se sucede na volta pra
casa eu não pude segurar, a preocupação é tão aguda que volto
num passo abissal, que soa de tão pesado.</span><br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
No meio do longo
caminho encontro um vingador contra o mundo parasita, quase um mimetista, um entre muitos homens bomba, que com uma caixa de jujubas na mão
me pede que pague um pão. Já esperando suas maldições travestidas
de “deus te abençoe” eu imediatamente disse não. Olhei e sua
frente era tosca, lhe faltava um suposto dente central na arcada
inferior, os outros decidiram tentar cobrir sua falta e se inclinaram
para dentro, de modo a formar um buraco triangular do qual poderia a
qualquer momento sair algum tipo de molusco que tenha gostado
de viver naquela cavidade úmida. A resposta ao meu 'não' foi uma
vitimação quase mexicana:</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Po, to cheio de fome.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Não
respondi. </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Na pastelaria chinesa perto do shopping comprei um joelho,
brioche em Petrópolis, italiano em Niterói, a aparentemente óbvia inseminação caseira
da empregada não foi o suficiente para fazer com que eu esquecesse tão rápido aquela criatura áspera (após sua morte sua pele deveria ser utilizada para lixar massa corrida), peguei o rumo de volta ao golem parecido
com o que vi em um livro na infância. No regresso quase kardecista desejei
que o monstro não estivesse mais lá, no entanto na iminência do
seu encontro levei um soco do inconsciente, tudo que desejava era sua
presença de novo e que aquela boa ação, como oferta a alguma
divindade egoísta, fizesse com que aquela serviçal quasímodo não
fosse ter um filho meu. Ele ainda estava lá, perguntou ao ver o embrulho: </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- É o pão?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- É.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A rigor joelho não é pão, mas a massa é parecida, esperei
que a oferenda modificada por alguns ingredientes tivesse valido. Aquele sorriso aparentemente formado por canjicas e moedas gastas de 5 centavos (das novas, marrons) alinhadas a
esmo, me deprimiu instantaneamente. Contudo a sensação boa e
egoísta do falso altruísmo fez o meu sofrível melancólico,
delicioso.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A empregada já tinha
jogado tudo fora em sacos no canto da porta, estava agora com um
escovão na privada do meu micro-banheiro. Os sacos de lixo, que
fingi presteza ao jogar fora, foram por mim vasculhados no corredor do
prédio antes de deixa-los na lixeira, o maço estava intocado na sacola suja, ela nem percebeu o que tinha
dentro, o líquido já fora em parte absorvido pelo papel.<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Não funcionou, pão
não é joelho, é parecido mas a massa é
diferente, vi na internet usando o google chrome.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
350 reais foi uma pechincha."</div>João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-84076294316307345392012-05-02T01:25:00.000-07:002012-05-02T01:25:15.375-07:00<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
lento aproximo</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
me gravita</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
magneta faísca</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
olhos de scifi</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
fogo pisca</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
scanners do
céu</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
escuros de perto</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
de pena</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
sou ainda alguns quilômetros</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
por hora,
por agora</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
quem me dera
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
cometeria abraço em linha reta</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
aconteceria</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
cratera</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
<br /></div>João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-88903405050167569702012-04-26T01:40:00.000-07:002017-06-28T14:10:38.231-07:00acharam que um dia poderiam ser um romance<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 5.29cm; text-indent: 1.73cm;">
<span style="font-family: "helvetica" , sans-serif;">"Das cavernas nós
viemos, ensaiando futuras sociedades, comendo pequenos animais
torrados em fogueiras, mastigando piolhos uns dos outros. Esses caras
não sabiam o gatilho que um dia iriam apertar. Não sei quem foi o
primeiro ser humano macho que resolveu dar uns bombons diferentes e
caros a uma mulher, que resolveu dar um sorriso a mais do que devia a
uma quase estranha e depois de um tempo resolveu condicionar sua
existência à dela através de um novo e recém criado sentimento; não conheci também o primeiro celenterado que resolveu que saltar de moto sobre 30 carros e aparecer nos videos mais incríveis do mundo seria uma boa idéia, mas se tivesse conhecido, não faria diferença. </span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 5.29cm; text-indent: 1.73cm;">
<span style="font-family: "helvetica" , sans-serif;">Nós hoje damos valor ao risco, ao sofrimento iminente, um valor heróico ao arrojo sem sentido, seja fumando no posto de gasolina antes do frentista chegar falando que vapor de gasolina pega fogo, ou aquelas cenas do cara indo atrás da mulher da vida na área de embarque do aeroporto
numa comédia romântica fundo branco, enfim, grande progresso. No
entanto eu tenho absoluta convicção de que algumas coisas realmente
não mudaram desde as cavernas, tenho certeza que, por exemplo, o
hábito de tirar meleca é tão velho quanto o de dormir no fim de um longo dia. Consigo visualizar um
neanderthal recostado numa pedra, ou num monte de feno, com o
dedão no nariz e dando petelecos no ar depois de cumprir uma bela
refeição, e sei que desse hábito nem ontem nem hoje há de resultar
algum tipo de insegurança pessoal ou angústia, há o prazer de
futucar as narinas, há o prazer de tirar as meias no fim do dia, há
o prazer primitivo de fazer sexo e essas
ações sempre correspondem com a instantânea e honesta
satisfação, que, por ser simples, é a única realmente despida de cinismo. Tento evitar decepções a
todo custo, as acho bobocas, desnecessárias por isso tendo a viver sem maiores rodeios. Sempre achei piegas e deoucí
essa estorinha jogral de viver intensamente, isso pra mim sempre foi
um luxo. Com
vinte e poucos anos, uma barriga e uma uma cama numa república, não dá pra largar tudo e ter uma banda, mas dá pra zerar zelda ocarina of time. Eu vivo em todos os âmbitos da minha vida sem passar pelo
atalho da floresta, sem confiar em qualquer simpático, sem a ilusão
de fazer da vida o que o meu talento pede, até porque se eu tivesse
um grande talento seria o de majestosamente tentar evitar o mal
estar. </span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 5.29cm; text-indent: 1.73cm;">
<span style="font-family: "helvetica" , sans-serif;"><br />02/2011</span></div>
João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4718843248826322748.post-72234036046489103522012-04-26T00:00:00.000-07:002012-04-26T00:00:17.451-07:00eu tenho necessidades,<div>
mas é bem menos do que eu preciso</div>
<div>
<br /></div>
<div>
necessitar não precisar é médio crer</div>
<div>
não leva</div>
<div>
a independência é gangrena, câncer, cela<br />cancela ser</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>João Renato Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13060965298208251806noreply@blogger.com0